sexta-feira, 1 de novembro de 2013

MAGISTÉRIO

Os/as professores/as brasileiros/as  têm motivo para ficar de olho no Congresso nos próximos meses. O projeto do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Câmara dos Deputados, deve chegar ao Senado até o fim deste mês. O PL 8.035/10 traz metas específicas para a valorização do magistério, como a melhoria progressiva dos salários até a equiparação com outras categorias, o estabelecimento de prazo para criação de planos de carreira e a execução de uma política nacional de formação para garantir graduação e pós-graduação aos docentes da educação básica.
Com vigência de dez anos, o PNE chega em um momento de crise do magistério. Tida como pouco atrativa, principalmente por causa dos salários, a carreira está desvalorizada. Os cursos superiores de licenciatura (destinados a formar docentes) estão entre os menos procurados nos processos seletivos das universidades.
Pesquisa na Universidade de São Paulo mostrou que quase metade dos alunos de licenciatura em Física e Matemática não querem ser professores.
O problema começaria a afetar também outros países, como resultado da recente crise econômica. No início de outubro, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) emitiu um alerta sobre a “deterioração da posição dos mestres”, afirmando que a crise afetou os investimentos em educação, piorando as condições de trabalho e os salários em diversas nações.
— As pessoas não percebem o ensino como uma profissão atrativa e muitos professores de fato a abandonam — afirma o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, frisando que é necessária uma ação urgente para melhorar a posição dos professores e desenvolver políticas e estratégias destinadas a atrair e motivar as pessoas ao ensino.
Federalização
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, avalia que ainda há muito a fazer para melhorar as ­condições de vida e de trabalho dos professores brasileiros e, assim, tornar a profissão mais atrativa. Ele acredita que as metas do PNE estão bem ­estruturadas e podem ajudar a qualificar a educação pública de forma geral. No entanto, para fazer com que o país saia do atraso educacional, o ponto ­crucial é o aumento de recursos. 
— Para que o plano tenha êxito, a grande meta é a que estabelece investimento de 10% do PIB em educação [meta 20 do PNE]. Essa não é uma reivindicação apenas dos professores, é da sociedade brasileira. Aí, será possível transformar em realidade o que hoje ainda é sonho, como equiparação salarial com outras categorias. 
Autor do projeto que deu origem à lei que garante um piso nacional para o magistério e de outros projetos relacionados, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) vai além. Para ele, a única saída para garantir melhora substancial dos salários (e do ensino como um todo) é a federalização da educação básica, em que a União assumiria a responsabilidade pelo orçamento da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio, ficando a gestão a cargo dos municípios e estados. Atualmente, apenas o ensino superior é de responsabilidade da União.
— Para educação de qualidade, é preciso uma trindade: bolso, cabeça e coração, com professores bem formados, salários justos, escolas com boa infraestrutura, horário integral, acesso às tecnologias de informação.
De acordo com Cristovam, só a União poderia garantir os recursos necessários para promover o salto qualitativo de que a educação básica precisa e dar equidade ao ensino público oferecido no país, marcado por profundas desigualdades. O tema vem sendo debatido em audiências públicas no Senado. A próxima acontece amanhã, às 10h, na sala 15 da Ala Senador Alexandre Costa.
Para o senador Paulo Bauer (PSDB-SC), a palavra-chave para revalorizar o magistério e qualificar o ensino, a partir da aprovação do PNE, é gestão.
— Não basta estar previsto em lei para que as metas do plano sejam alcançadas. É a gestão eficiente da educação que poderá tornar as melhorias exequíveis e a carreira docente, mais atrativa.
Na avaliação do secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Cesar Callegari, o processo de revalorização da docência já começou. “O magistério vai se transformar em uma função pública de alta prioridade”, garante.
Entre as vantagens, ele cita a aposentadoria diferenciada (redução de cinco anos no tempo de contribuição); piso salarial estabelecido por lei; e estabilidade, no caso dos efetivos. As metas de formação inicial e continuada, planos de carreira e ganho salarial, previstas no PNE, contribuiriam para essa recuperação. O secretário acrescenta que, nos próximos 20 anos, o setor terá forte demanda, e é provável que haja pressão pela elevação salarial em razão disso.
— Gradativamente, o magistério vai se transformar em carreira atrativa de novo, em boa opção profissional e de vida. Nos próximos anos, ele recuperará o status que já teve, sobretudo na educação básica — sustenta.
Motivação
Enquanto a revalorização da carreira não acontece, muitos professores conseguem encontrar no aprendizado dos alunos, em projetos inovadores ou mesmo no interesse das crianças e adolescentes o reconhecimento e a motivação que não estão nos contracheques ou na percepção da sociedade a respeito da docência.
— Meu maior motivador são os alunos. Tenho vontade de vir para a escola. O sorriso deles me faz bem — diz o professor Cleber Villa Flor, diretor do Colégio Polivalente, da rede pública do Distrito Federal. A escola é uma das campeãs do Índice de ­Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no DF.
Graduada em Pedagogia com ênfase em educação especial, a gaúcha Alessandra Klein é outra que encontra motivação no dia a dia.
— Sempre quis ser professora, desde criança, e era triste ouvir as pessoas dizendo que essa é uma carreira que não vale a pena. Eu acredito na profissão por acreditar que podemos fazer diferença na vida dos alunos.
Em 2011, a crença de ­Alessandra foi reconhecida nacionalmente. Ela foi uma das vencedoras do Prêmio Professores do Brasil, instituído pelo MEC para valorizar práticas pedagógicas bem-sucedidas no ensino público.
O trabalho premiado foi realizado na Escola Municipal de Educação Infantil Paraíso da Criança, de Horizontina (RS), quando Alessandra preparou sua turma para receber uma colega surda.
A professora abordou temas como diferenças entre pessoas e cultura e identidade dos surdos. Depois, envolvendo toda a escola, ensinou a alunos e funcionários a língua brasileira de sinais (Libras).

— Quando a aluna entrou, os coleguinhas disseram “oi” em libras. E ela sentiu que seria respeitada na sua língua — conta. (Jornal do Senado)

sábado, 26 de outubro de 2013

VALORIZAÇÃO DA CARREIRA DE PROFESSOR

Normalmente, os fatores que espantam o interesse do jovem pela profissão de professor são conhecidos (e sentidos) por todos os profissionais da Educação. No entanto, apesar desses fatores, é possível conseguir realização na carreira, buscando uma atuação socialmente solidária, sem se esquecer do debate para mudar a realidade dos sistemas educacionais em funcionamento hoje. Porém, para que a profissão não sofra um “apagão” e caia em “desuso” por falta de profissionais, é necessária a reestruturação dos sistemas e também da forma de atrair o jovem para aceitar os desafios da docência.
De acordo com a diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a atratividade da carreira só será possível com mudanças estruturais que ofereçam ao professor um salário inicial atraente, a valorização social da profissão e melhores condições de trabalho. “Os sistemas de ensino, o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação estão se movimentando nesse sentido. O que incomoda é a vagarosidade, deveria haver um maior sentido de urgência”, avalia Priscila.
A diretora explica que, devido ao cansaço típico da docência – tendo em vista a forma como ela é praticada atualmente no Brasil –, os formados em licenciaturas ou áreas de disciplinas trabalhadas no ensino básico acabam optando pela pesquisa ou por outras atividades mais atraentes financeiramente e em termos de estrutura de trabalho. “Apenas 10% dos concluintes do ensino médio têm conhecimento adequado para a série em Matemática. Após a licenciatura [em Matemática], alguns que estavam a um passo da sala de aula são de imediato absorvidos por bancos ou pelo mercado financeiro”, exemplifica a diretora.
Segundo o estudo Atratividade da carreira docente no Brasil, publicado em 2009 pela Fundação Carlos Chagas, o momento atual é de jovens, com embasamento bastante sólido, fugindo da função de mestre. A percepção dos alunos é a de que o professor é um profissional relevante, que serve de modelo ou exemplo a ser seguido, atua como formador de opinião e possui valor social, mas é um profissional desvalorizado e desrespeitado por alunos, sociedade e governos.
A pesquisa foi realizada em 18 escolas públicas e particulares, em oito cidades de grande ou médio porte nas cinco regiões do País: Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Feira de Santana (BA), Fortaleza (CE), Joinville (SC), Manaus (AM), São Paulo (SP) e Taubaté (SP). Em cada escola, foram montados grupos de discussão com 10 alunos (193 jovens no total) e foram distribuídos questionários para todos os alunos do 3º ano do ensino médio, totalizando 1.501 respostas. De todos os participantes, 67% sequer consideraram a hipótese de seguir a carreira docente. Entre os 9% que escolheram disciplinas específicas do ensino fundamental II ou do ensino médio para a sua formação universitária, 52% declararam ter pensado em ser docentes e 39% querem ser professores. Nas escolas públicas, a diferença entre os que pensaram e os que querem a carreira é de 14% (de 53% para 37%, respectivamente), enquanto nas particulares, ambientes mais controlados, há apenas uma variação de 51% para 50%.
Segundo o relatório final da pesquisa, os jovens que pensaram em ser professores e desistiram apontam a baixa remuneração como o fator decisivo para a escolha. Alguns alunos acreditam até que a profissão de docente está fadada ao desaparecimento. No entanto, é uma possibilidade considerada menos chocante se realizada complementarmente, de forma secundária, concomitantemente a outra atividade profissional ou quando já tiver estabilidade financeira.
Desafios
O físico e professor Luís Carlos de Menezes, do Conselho Técnico-científico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para Educação Básica, atua há décadas na formação de professores. Para ele, a carreira tem que ser remodelada para ser atrativa, mas também é repleta de alternativas e desafios que precisam ser mostrados ao jovem. “Não devemos convidar o futuro professor para reproduzir o mundo, mas para mudar o mundo com o jovem que está com um problema no seu futuro: quais serão as profissões daqui a 20 anos, com as novas tecnologias? O que será do Direito, do Jornalismo, da docência, do pedreiro? Ser educador é um desafio imenso, é educar para o desconhecido, ensinar as pessoas a ser capazes de se reinventarem, olharem para a realidade aprendendo novamente. Pode-se estimular novos professores pelo tamanho do desafio”, defende.
Para Menezes, outra forma de atrair o jovem é focar no dinamismo que a carreira oferecerá futuramente. Um docente de Artes, que possui atividades fora da sala de aula, por exemplo, pode ter na docência uma retaguarda para desenvolver suas habilidades artísticas no mundo exterior aos muros da escola. “É um ofício que permite trabalhar com a juventude, novos fazeres, construir o futuro. O professor é alguém que pode ser autor, produzir conhecimento. É muito desafiador”, considera.
O maior desafio, no entanto, é a atuação nas fronteiras sociais. Apesar da diversidade das condições de trabalho, Menezes acredita que o trabalho em que as condições de vida são mais precárias para a população torna o professor um construtor do futuro. “Nas manifestações deste ano, a palavra mais sinalizada foi educação, dando visibilidade à função do professor. A primeira coisa a ser dita para o professor é que ele é importante, que a educação não é apenas mais um serviço, mas que é a construção de uma nação. A escola é o local onde a criança encontra pela primeira vez a sua nação, quando ela é recebida em um [ambiente] coletivo, reconhecida como pessoa pela sociedade. Quando alguém escolhe ser professor, escolhe ser construtor do País. É uma função de vocação social”, define.
A abordagem proposta por Menezes não ignora o fato da inexistência de uma carreira que mantenha o profissional em sala de aula, com o aperfeiçoamento e o reconhecimento social e salarial. Há, atualmente, alternativas individuais que visam traçar um trajeto de carreira que permita conseguir melhores empregos, como em escolas de alto desempenho, instituições confessionais ou ensino superior. “Não pode haver uma atitude passiva e estática. Sempre buscar formação permanente, mestrado, mestrado profissionalizante ou doutorado não são apenas qualificadores do desempenho, mas também da remuneração e do projeto de vida e carreira”, recomenda.
Mesmo com todos os problemas universalizados na educação brasileira, Menezes avalia que há uma variedade muito grande de condições de trabalho para os dois milhões de professores que atendem em torno de 50 milhões de estudantes no ensino básico, em todo o País, e que permitem a muitos ter satisfação no trabalho. “Não existe uma condição mediana clara deste professor. Há algumas coisas na carreira que são, em média, muito pouco atraentes. A sugestão de longo prazo é colocar escalonamentos que permitam ao profissional enxergar progressão, o que resultaria em mais estímulo ao jovem. A criação de uma carreira com desempenhos e funções diferentes pode ajudar. O professor mais experiente pode ter uma função de formador de docentes dentro da escola, com uma corremuneração vinda do aparelho formador, por exemplo”, sugere.

Escrito por Fabio Venturini

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO


Mais investimentos e planejamento educacional mais qualificado são as chaves para que o Brasil possa avançar na educação, facilitando o crescimento econômico e o desenvolvimento. Essa foi uma das advertências feitas pelos quatro especialistas que participaram, na tarde desta quarta-feira (23), da audiência pública promovida pela comissão temporária especial destinada a debater e propor soluções para o financiamento da educação.
Educação Básica
Representando o Conselho de Secretários de Educação (Consed), o secretário da Educação e Cultura do Estado do Tocantins, Danilo de Melo Souza, afirmou que a prioridade deve ser aumentar os investimentos públicos na educação infantil, também conhecida como pré-escolar. Estudos já mostraram, frisou, que os investimentos na pré-escola proporcionam retorno muito maior que os investimentos no ensino superior.
Para o secretário, o país precisa de professores mais bem capacitados, com salários dignos e plano de carreira que torne a profissão atrativa. Ele disse que o piso salarial nacional precisa ser aumentando para atrair profissionais de ponta para a carreira.
- Investimento é colocar um bom salário para o professor que está na sala de aula. É preciso dar condições salariais para que esse profissional possa devotar-se aos estudantes – afirmou.
Danilo de Melo Souza ainda chamou a atenção para a necessidade de o Brasil “pensar a educação de maneira mais técnica” e suprapartidária, como um projeto de nação. Ele acredita que uma formação inicial sólida dos professores é um dos pontos-chave para a melhoria do ensino.
Como sugestões, o secretário apresentou a criação da chamada residência pedagógica, similar ao que já existe na formação dos médicos; ampliação dos investimentos em alimentação e transporte dos estudantes; aumento da jornada de aulas e a destinação total dos recursos provenientes da exploração do petróleo do pré-sal para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
- Se não tivermos educação básica de qualidade não teremos universidade competitiva no futuro – acrescentou.
Danilo ressaltou a importância de o estado brasileiro promover uma garantia nutricional mínima para que os estudantes tenham um padrão de nutrição adequado em seu desenvolvimento humano e escolar.
- Muitos estudantes brasileiros estão em situação de risco nutricional – disse.
Planejamento
O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Waldery Rodrigues Júnior, informou que o Brasil tem 50,5 milhões de alunos na educação básica. Para ele, são necessários investimentos pesados nesse setor, para que a qualidade da educação e dos estudantes brasileiros aumente com o passar dos anos. Ele criticou os baixos investimentos e a má distribuição dos recursos públicos para a educação.
- Investimos pouco e gastamos mal – disse.
Segundo ele, 40% dos estudantes que terminam o ensino fundamental não sabem que “uma hora tem 60 minutos e não 100 minutos”. Waldery disse que a qualidade da educação está direta e brutalmente ligada à capacidade de crescimento econômico e desenvolvimento dos países.
Para o economista os Ministérios da Fazenda e do Planejamento são mais capazes de “revolucionar a educação” que o próprio Ministério da Educação, pois, em sua opinião, o setor precisa urgentemente de mais investimentos e melhor planejamento. Ele acredita que o Brasil, mesmo sem os recursos do pré-sal, já tem dinheiro suficiente para melhorar a educação de maneira contundente, o que falta é a decisão política para que esses recursos sejam redirecionados para onde são necessários.
Ele criticou o direcionamento de  46% do Orçamento da União para financiar a dívida pública e a Previdência, enquanto a educação fica com pouco mais de 3%.
Educação de qualidade
Por sua vez, o professor-pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Manuel Marcos Formiga, informou que o Brasil tem um dos maiores contingentes de estudantes do planeta e ainda se encontra entre as dez nações com maior número de analfabetos. Ele explicou que, além dos analfabetos totais, o país tem milhões de analfabetos funcionais e outros tantos milhões de analfabetos digitais.
- Falta planejamento educacional. O desafio para as próximas décadas é transformar crescimento econômico em desenvolvimento, quantidade em qualidade, e um dos principais instrumentos para que isso ocorra é a educação – pontuou.
Formiga entende que o país deve priorizar a formação superior na área de exatas, como as diversas engenharias, em detrimento da área de humanas. Atualmente, afirmou o professor, a cada 800 formados, apenas um se gradua em engenharia no Brasil, o que limita o avanço tecnológico e em inovação.
Mais investimentos
O editor-chefe da revista da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca), Juca Gil, reconheceu que o país tem diversos problemas de gestão e de malversação dos recursos públicos destinados à educação. Porém, ele sublinhou que, mesmo que esses recursos não fossem mal geridos ou desviados, ainda assim, o montante de recursos seria insuficiente para sustentar e ampliar um ensino público de qualidade.
- A União tem de entrar com mais recursos – afirmou.
Ele defendeu a aplicação de 10% do produto interno bruto (PIB) na educação, índice que atualmente gira em torno de 5%. Apontou ainda para a necessidade de as autoridades discutirem a prorrogação ou uma alternativa para o Fundeb, que terminará em 2020.
Revolução
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), relator da comissão, apresentou a proposta de uma “revolução republicana na educação”, que seria implantada em duas décadas. Para que isso ocorra, o senador disse serem necessários o aumento dos investimentos públicos, um piso salarial para os professores de R$ 9.500, reforma ou reconstrução das dependências físicas de todas as escolas e aquisição de equipamentos modernos.
A presidente do colegiado, senadora Ângela Portela (PT-RR), disse que já há um consenso sobre a necessidade de mais recursos e de melhor capacitação e valorização dos professores. A senadora disse que a comissão vai apresentar propostas concretas para que isso ocorra. Ela acrescentou que, tanto o Executivo quanto o Legislativo já estão trabalhando nesse sentido.
A reunião foi conduzida pela presidente do colegiado, senadora Ângela Portela, com o apoio do relator, Cristovam Buarque. Também participaram do debate os senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Ana Amélia (PP-RS) e as deputadas federais Fátima Bezerra (PT-RN) e Iara Bernardi (PT-SP).
A comissão especial, composta por dez senadores, foi criada em setembro por ato do presidente do Senado, Renan Calheiros, e foi instalada em 1º de outubro, com prazo de 90 dias para a conclusão dos trabalhos. Antes das exposições dos palestrantes, os senadores aprovaram o plano de trabalho da comissão, elaborado pelo relator.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

EDUCAÇÃO 3.0

Educação 3.0: a solução para o atraso brasileiro

 

O projeto do Iluminismo europeu, que tinha como um dos principais objetivos o progresso, era alicerçado na transformação política em bases racionais e no aprimoramento intelectual e moral dos homens por meio da educação e das leis. Fica clara a forte presença desses vetores nos países classificados hoje como de primeiro mundo.
Vamos focar no vetor educação, o mais importante. Especialistas e indicadores constatam que o Brasil tem 100 anos de atraso nesse setor. Entendemos que essa recuperação só será viabilizada em curto prazo pelo uso da Tecnologia da Informação e Comunicação, principalmente quanto às técnicas cognitivas e pedagógicas, aproveitando o uso já incorporado pelos jovens de tablets, smartphones, ferramentas de busca, redes sociais, internet de alta velocidade, entre outros.
Totalmente alinhada a esse conceito, a Educação 3.0 consiste na criação de uma infraestrutura de conectividade e colaboração com alto desempenho, mobilidade e segurança, o que é imprescindível para o desenvolvimento de didáticas orientadas para a pesquisa, com construção conjunta de conhecimento por professor e aluno. Assim, aproveita-se a riqueza de informações do mundo atual, por meio de ferramentas da Web ou de outros ambientes virtuais.
Na pesquisa mais respeitada do mundo na área, a Education at a Glance (2013), está evidenciado que o nosso problema não é de investimento, pois na educação básica ele corresponde a 4,3% do PIB, contra 3,9% dos países desenvolvidos. O que o Brasil precisa é de uma gestão comprometida com educação de qualidade, focada na racionalização do uso dos recursos financeiros, na escolha da tecnologia adequada e na priorização da formação do professor nesse novo ambiente, com reconhecimento por meritocracia. Sem isso, a equação “educação” fica muito difícil de ser resolvida.
Glauco Brites Ramos – presidente do Conselho de Administração da Teltec Solutions

sábado, 19 de outubro de 2013

PROFESSOR

Tudo começou com um decreto imperial, de 15 de outubro de 1827, que trata da primeira Lei Geral relativa ao Ensino Elementar. Este decreto, outorgado por Dom Pedro I, veio a se tornar um marco na educação imperial, de tal modo que passou a ser a principal referência para os docentes do primário e ginásio nas províncias.
 A Lei tratou dos mais diversos assuntos como descentralização do ensino, remuneração dos professores e mestras, ensino mútuo, currículo mínimo, admissão de professores e escolas das meninas.
 Nos dias atuais, mesmo com novas leis, há uma significativa escassez de mão de obra qualificada, faltam professores em diversas áreas. A ausência de estímulo à formação é apontada como causa. Os primeiros são os docentes de física, matemática, química e geografia.
 A falta de valorização da carreira do Magistério nos últimos anos está relacionada às condições de trabalho na educação e baixos salários, que tornam a profissão pouca atrativa.
 Salários baixos e ambiente de trabalho com baixa qualidade não atraem os jovens que estão iniciando suas carreiras profissionais.
 As estatísticas do Ministério da Educação (MEC) revelam uma situação ainda mais grave: o número de interessados em ser professor está caindo a cada ano, o que torna mais difícil suprir as demandas.
 O professor tem estímulo em baixa, sente-se desprestigiado pela sociedade que o vê como um profissional despreparado, incapaz de acompanhar as inovações, os avanços tecnológicos da época e, consequentemente, incapaz de elevar o nível de ensino, de trazer a qualidade tão necessária aos dias atuais.
 Um estudo da Unesco, divulgado em fins de 2002, apoiado em dados de 1999, obtidos em 38 países, revela que os professores brasileiros da educação básica cumprem até tripla jornada e seu salário médio, em início de carreira, está entre os mais baixos dos países em desenvolvimento. O salário médio inicial do professor brasileiro só está um pouco acima apenas do Peru e da paupérrima Indonésia.
A defasagem ressalta-se quando se compara com a Argentina, com o Uruguai e, principalmente, com a Suíça, que lidera os  países desenvolvidos. Ainda, entre 43 países, o Brasil tem a sexta maior média de aluno/professor (28,9) no ensino fundamental e a maior no ensino médio (38,6). O máximo recomendado pela Unesco e Organização Internacional do Trabalho está entre 20 e 30 alunos/professor. O número excessivo de alunos leva o professor ao estresse, prejudicando o seu rendimento e o rendimento do aluno. 
Classes lotadas, alunos desinteressados, material ultrapassado, salários baixos e a ausência de valorização da carreira. Essas foram algumas dificuldades levantadas pelos professores entrevistados e com certeza não é isso que ninguém gostaria de enfrentar em seu dia-a-dia. 
No entanto, nos últimos anos tem aumentado a procura dos estudantes por cursos de licenciatura, segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). A quantidade de vagas nas universidades também tem crescido, assim como o número de formandos. 
Além disso, os professores (as) destacam que mesmo com todas as dificuldades vale a pena investir na carreira, pois o índice de desemprego no setor é quase zero e a satisfação de ensinar é uma das principais características de permanência na área. Eles ressaltam alguns alunos surpreendem tanto, que vale a pena continuar na carreira apesar de todos os problemas.


domingo, 29 de setembro de 2013

PROPOSTA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

Curso de Especialização em Gestão Escolar Universidade de Brasília – UNB
Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares – CEAM
Planejamento e Práticas de Gestão Escolar
Professora:  Otília Maria A. N. A. Dantas
Professor Tutor: Aparecida Cléia Gerin
Aluno: Evandro Albuquerque Leite 
Proposta de Avaliação Institucional
IDENTIFICAÇÃO INSTITUCIONAL
A escola classe está localizada em uma área rural, onde o atendimento está direcionado a essa comunidade específica, desenvolvendo um trabalho voltado para a participação e integração de todos no processo inicial de alfabetização, atendendo o projeto político pedagógico proposto, baseando-se a partir das múltiplas realidades observadas na escola e nos anseios, sugestões e reivindicações da comunidade escolar.
REFERENCIAL TEÓRICO
"A avaliação se constitui em um processo de busca de compreensão da realidade escolar, com o fim de subsidiar as tomadas de decisões quanto ao direcionamento das intervenções, visando ao aprimoramento do trabalho escolar. Como tal, a avaliação compreende a descrição, a interpretação e o julgamento das ações desenvolvidas, resultando na definição de prioridades a serem implementadas e rumos a serem seguidos, tendo como referências os princípios e as finalidades estabelecidos no Projeto da Escola, ao mesmo tempo em que subsidia a sua própria redefinição (Sousa, 1995, p. 63).”
Temos a missão importante de alfabetização, assim como o desenvolvimento de várias atividades propostas para a inserção dos alunos visando um trabalho educativo mais efetivo  junto aos professores e coordenadores com objetivo de melhoria das relações ensino aprendizagem diagnosticando os problemas e a melhor forma de condução do trabalho pedagógico, inserindo este aluno da área rural com suas experiências do campo para uma nova realidade de conhecimentos e aprendizagem significativas na escola, desenvolvendo projetos para a inclusão deste aluno na comunidade escolar.
JUSTIFICATIVA
A importância do aluno vivenciar e avaliar através do ambiente escolar, atividades que não estariam ao seu alcance na área rural, atividades significativas de trabalho de socialização, inclusão, participação nas atividades propostas para uma ação mais coletiva com  esta comunidade, vivenciando através de ações desenvolvidas uma nova forma de observar o conhecimento e as possibilidades de um futuro melhor através do ensino aprendizagem e o contato com novas realidades que a sociedade proporciona não só no meio rural como urbano. A instituição desenvolve a avaliação, envolvendo as dimensões cognitivas, afetiva, psicomotora e social  no processo avaliativo do aluno. Os processos de avaliação devem se modernizar e criar alternativas diferenciadas adaptadas as novas realidades sociais presentes e que proporcione ao aluno refletir as ações desenvolvidas, assim como, poder avaliar as atividades realizadas pela instituição de ensino.através dos diversos projetos trabalhados.
OBJETIVOS
- Promover a formação do aluno, a medida que novas condições são estabelecidas na apropriação de novos conhecimentos  sem diferenciar as suas práticas e experiências vividas no campo
- Estabelecer estratégias para aquisição e formação de hábitos e atitudes/valores
- Conscientizar os alunos sobre a importância dos recursos naturais  e o ambiente em que vivem
-Vivenciar ao aluno uma nova realidade de conceitos diferenciados ao qual habitualmente estão acostumados, voltados para uma realidade de compreensão que os cercam
- melhorar o desempenho nas atividades propostas no ensino aprendizagem
- conviver com diversas culturas e assimilando atividades de participação coletiva na integração de valores fundamentais para o convívio social
-atendimento educacional especializado nas diversas áreas conforme a deficiência ou transtornos com devido acompanhamento e inserção social
-participação coletiva nas atividades de forma a vivenciar as habilidades intelectuais e motoras, na prática de situações de vivências diversas para uma nova realidade de conhecimentos que não são habituais na área rural
- respeitar as origens desta comunidade, inserindo novas maneiras de participação integrada, em uma ação coletiva através de projetos desenvolvidos na escola como: educação com movimento ( Educação Física nas séries iniciais), Educação Artística nas séries iniciais, Educação Integral, com várias atividades de teatro, música, inglês, etc.
METODOLOGIA COM DESCRIÇÃO DOS INSTRUMENTOS A SEREM UTILIZADOS
- Atividades de leituras e produção de conhecimento utilizando os recursos da Biblioteca, sala de leitura
- Atividades voltado para uma melhor compreensão através de utilização da sala de vídeo como mais um recurso áudio visual diferenciado
- Jogos e gincanas como forma de melhorar as relações coletivas e recreativas através de atividades lúdicas com objetivo de inclusão maior e participação no desenvolvimento das atividades propostas com melhorias do ensino aprendizagem através de atividades diferenciadas
-Palestras, exposições e participação em feiras literárias, de ciências,
- Atividades extra classe, como passeios, visitas a museu, área ambiental, etc.  para uma melhor vivência e conhecimentos aplicados na teoria e vivenciadas na prática com a finalidade de favorecer a formação cultural dos alunos
-Vivenciar novas habilidades, através dos projetos esporte na escola (Educação com movimento), Projetos de Educação Integral que é uma realidade nas escolas públicas
- Proporcionar avaliações destas atividades, como uma forma de contribuir para um planejamento mais eficaz nas ações desenvolvidas, com objetivo de melhorias dos projetos observando a necessidade de aquisição de materiais diversos e estruturas adequadas para melhor aplicação na instituição de ensino.  Através dessas atividades desenvolvidas é que podemos analisar, melhorar e aprofundar na Avaliação institucional em busca de melhores condições junto aos orgãos competentes na melhoria da estrutura das escolas, contribuindo desta forma para um ensino de qualidade, assegurando o Direito de Educação para todos.
BIBLIOGRAFIA
BELLONI, I.; BELLONI, J. Questões e propostas para uma avaliação institucional formativa. In: FREITAS, L. C. (Org.). Avaliação de escolas e universidades. Campinas, SP: Komedi, 2003, p. 9-34. (Texto 01) "Novo texto"


SOUZA, Sandra Z. L. de. Avaliação institucional: elementos para discussão. In: Escola de Gestores da educação básica. 2 ed. 2009. CD-ROM. (Texto 02)


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Gestão Escolar e Novas Tecnologias

Gestão escolar e novas tecnologias

Uma questão importante e, no entanto, pouco abordada comparativamente à sua importância, diz respeito à relação entre os gestores das unidades educacionais (UEs) e o uso das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) no ambiente escolar.
Embora seja um fato bem estabelecido que as escolas só tenham a ganhar com o uso das TICs, tanto do ponto de vista pedagógico como do ponto de vista gerencial, ainda há uma lacuna bem pronunciada entre a compreensão da necessidade desse uso e a implementação efetiva dessas novas tecnologias na escola.
O uso das novas tecnologias que, em um primeiro momento, se parece com um complicador a mais na árdua tarefa de gestão do ambiente escolar, acaba se mostrando uma solução simplificadora na medida em que pequenas ações vão se somando e produzindo uma escola mais dinâmica, com um ensino de melhor qualidade e uma gestão menos complexa.
Muitos gestores têm tanta dificuldade em lidar com essas novas tecnologias quanto o corpo docente da escola e isso lhes dá, assim como dá ao corpo docente, a falsa impressão de que a tecnologia é um complicador a mais e, por isso, quanto menos tecnologia mais simples será o processo de gestão da escola. Mas esse é um erro conceitual que a prática vem mostrando ser danoso.
Escolas que abraçaram o uso das novas tecnologias e modernizaram tanto a prática pedagógica quanto os processos administrativos descobriram que é possível realizar as mesmas tarefas que antes com um esforço muito menor e, além disso, perceberam que as novas tecnologias também criam novas possibilidades que não existiriam sem elas.
Investir no uso das novas tecnologias não demanda a elaboração de projetos mirabolantes e nem a necessidade de recursos exorbitantes. Esse investimento pode ser gradual, com pouco ou nenhum recurso, e não precisa estar atrelado a um projeto específico da Secretaria de Educação, da Diretoria de Ensino ou de alguma instituição paralela.
A gestão escolar pode implementar um projeto de uso das novas tecnologias a partir do levantamento dos usos atuais dessas tecnologias e de um plano de ação, ou plano de metas, que tenha como objetivos, pelo menos:
1.    A inclusão digital de alunos e professores da escola
2.    A informatização dos dados dos alunos e dos professores e a correspondente geração de relatórios administrativos e pedagógicos
3.    O uso da Internet e de seus recursos Web 2.0 e a implementação de meios de comunicação eficazes com alunos, professores e com a comunidade
Ações que permitem implementar esse plano de ação incluem:
1.    Abertura da Sala de Informática da escola ao uso dos alunos e professores
2.    Estabelecimento de parcerias estratégicas com a comunidade
3.    Disponibilização de recursos tecnológicos aos professores e aos alunos
4.    Inserção das TICs nos projetos pedagógicos da escola
O gestor não precisa ter um grande domínio da tecnologia para implementar essas ações e gerir esse plano, mas precisa ter sensibilidade para procurar na própria escola e na comunidade as pessoas que têm uma proximidade maior com essas tecnologias e delegar a elas as tarefas que requerem implementações práticas. Cabe ao gestor o papel de criar e manter condições para que essa equipe possa trabalhar com autonomia e disponibilidade de recursos, sendo o ingrediente fundamental para o sucesso desse projeto apenas a predisposição dos gestores ao uso das TICs.
A escola atual ainda está muito presa a amarras antigas que acabam tornando a gestão “uma atividade burocrática e um eterno serviço de bombeiro, que está sempre apagando incêndios“, ao invés de permitir a ela uma atividade de gerenciamento inteligente de recursos e projetos. Se, por um lado isso é verdade em muitas escolas, por outro, a única forma que quebrar esse circulo vicioso é tomando firmemente a decisão de quebrá-lo.
Há muitas experiências de sucesso que podem ser compartilhadas e adaptadas, mas para isso a gestão precisa procurar sua própria inserção digital e precisa aprender a trabalhar de forma colaborativa também com seus pares. Diretores e coordenadores que “não tiram o pé da escola” e não procuram soluções entre seus pares, dificilmente verão nascer dentro de sua própria escola as soluções que gostariam de ver implementadas e, mais dificilmente ainda receberão algum “pacote de soluções prontas”.

(*) Para citar esse artigo (ABNT, NBR 6023):

ANTONIO, José Carlos. Gestão escolar e novas tecnologias,Professor Digital, SBO, 16 fev. 2009.